Somos privilegiados   em   viver   numa   democracia   participativa,   mas,   temos visto mais do que alguns crentes venderem a sua primogenitura cristã por um prato de comida  material.  Temos   de   continuamente   nos   perguntar:  é nosso alvo primordial  mudar  o  reino externo, político ou promover o reino transcendente de Deus?...

Quando reflito nas histórias de Jesus acerca do reino, sinto que grande parte da inquietação entre os cristãos de hoje brota de uma confusão dos dois reinos,  visível  e  invisível.  Cada vez que surge uma eleição,  os cristãos debatem se este ou aquele candidato é o “homem de Deus” para a sociedade. Projetando-me   de   volta   para   o   tempo   de   Jesus,   tenho dificuldade   em  imaginá-lo pensando  se  Herodes,  Pilatos ou  Júlio César eram os “homens de Deus” para o Império.  OS POLÍTICOS DE ROMA ERAM QUASE IRRELEVANTES PARA O REINO DE DEUS.

Os discípulos mais  íntimos de Jesus  tiveram dificuldade em captar  essa visão   dupla   do   reino.   Depois   de   sua   morte   e   ressurreição,  quando compreenderam   finalmente   que   o   Messias   viera   não   como   rei conquistador, mas revestido de humildade e de fraqueza, mesmo então um pensamento os atormentava: “Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?”. Sem dúvida estavam pensando num reino visível para substituir o governo de Roma. Jesus repeliu a pergunta e ordenou que levassem a sua palavra até os confins da terra. Foi então,  para   espanto deles,  que   ele desapareceu de  vista  e,   alguns  momentos  depois,  os   anjos   explicaram: “ESSE JESUS, QUE DENTRE VÓS FOI RECEBIDO EM CIMA NO CÉU,  HÁ DE VIR, ASSIM COMO PARA O CÉU O VISTES IR” (Atos1.11). O tipo de reino que desejavam ardentemente viria de fato, mas não já. À medida que a igreja perde a fé na volta de Cristo e se contenta em ser parte confortável deste mundo e não a vanguarda de um reino de outro mundo, nós nos arriscamos a perder a fé num Deus soberano.

Trecho do livro "O Jesus que eu nunca conheci" Editora Vida.